O Grande Gatsby - Cap. 2: Capítulo II Pág. 32 / 173

.. - Myrtle ergueu as sobrancelhas em sinal de desespero pela indolência das classes inferiores. - Mas que gente esta! É preciso andar sempre em cima deles.

Olhou para mim e riu-se a despropósito. Depois atirou-se ao cão, beijou-o em êxtase e precipitou-se para a cozinha, implicando com este gesto que uma dúzia de chefes aguardava ali as suas ordens.

- Tenho feito umas coisas bem bonitas em Long Island - confessou o senhor Mckee.

Tom olhou-o inexpressivamente.

- Duas delas temos nós emolduradas lá em baixo.

- Mas duas quê? - perguntou Tom.

- Dois estudos. A um deles dei o nome de «Montauk Point - As Gaivotas» e ao outro chamei «Montauk Point. - O Mar».

A irmã Catherine sentou-se no sofá, ao meu lado.

- Também vive lá embaixo, em Long Island? - inquinu.

- Vivo em West Egg.

- De verdade? Estive lá numa festa há cerca de um mês. Em casa de um sujeito chamado Gatsby. Você conhece-o?

- Moro mesmo ao lado dele.

-Bom, dizem que ele é sobrinho ou primo do imperador Wilhelm e que é daí que lhe vem aquele dinheiro todo.

- A sério?

Ela assentiu.

- Tenho-lhe cá um medo! Não gostava mesmo nada que ele me apanhasse distraída.

Esta absorvente informação acerca do meu vizinho foi interrompida pelo súbito gesto de apontar da senhora Mckee para Catherine:

- Ó Chester, não achas que podias fazer alguma coisa de jeito com «ela»? - disparou, mas o senhor Mckee mais não fez que anuir com enfado, para logo voltar a sua atenção para Tom .

- Gostava de fazer mais trabalho em Long Island, se obtivesse licença para lá entrar. Só preciso que me dêem a possibilidade de arrancar.

- Meta uma cunha à Myrtle - disse Tom, rompendo numa breve gargalhada, no momento em que a senhora Wilson entrava de bandeja na mão.





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