O Grande Gatsby - Cap. 2: Capítulo II Pág. 31 / 173

- Minha querida - dirigiu-se à irmã, num brado agudo e ufano -, a maior parte destes tipos o que querem é enganar-te. Não pensam em mais nada senão no dinheiro. Ainda a semana passada cá veio uma mulher para me arranjar os pés, e quando me apresentou a conta até parecia que me tinha tirado o «apendicite»!

- Como é que a mulher se chamava? - perguntou a senhora Mckee.

- Senhora Eberhardt. Anda pelas casas das pessoas a arranjar os pés.

- Gosto muito do seu vestido - observou a senhora Mckee. - Acho-o mesmo encantador.

A senhora Wilson rejeitou o elogio erguendo a sobrancelha em sinal de desdém:

- Não passa de um trapo velho - disse ela. - Só o enfio quando não estou para me preocupar com as aparências.

- Mas fica-lhe mesmo a matar, se é que me faço entender - teimou a senhora Mckee. - Se aqui o Chester conseguisse ao menos apanhá-la nessa pose, julgo que faria uma bela obra.

Olhámos todos em silêncio para a senhora Wilson, que afastou dos olhos uma madeixa de cabelo e nos devolveu o olhar, fazendo-o acompanhar de um radioso sorriso.

O senhor Mckee considerou-a atentamente de cabeça inclinada para o lado e depois moveu a mão, lentamente, para trás e para diante, em frente do rosto dela.

- Mas para isso tinha de alterar a iluminação - disse ele passado um instante. - Gostava de fazer sobressair os contornos das feições. E de apanhar todo esse cabelo da nuca.

- Cá por mim, deixava a luz como está - exclamou a senhora Mckee. - Acho que é...

O marido fez-lhe «psiu» e todos nós voltámos a olhar para o objecto, ao que Tom Buchanan bocejou audivelmente e se pôs em pé.

- Vocês, Mckees, bebam qualquer coisa. Myrtle, vai buscar mais gelo e água mineral, antes que toda a gente adormeça.

- Já tinha dito àquele rapaz que trouxesse o gelo.





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