O Grande Gatsby - Cap. 3: Capítulo III Pág. 42 / 173

Trajando a preceito um fato de flanela de lã branca, pus-me a caminho dos seus domínios um pouco depois das sete e andei por ali às voltas, deveras embaraçado, entre refluxos e remoinhos de gente que não conhecia - embora aqui e acolá deparasse com uma ou outra cara que já me eram familiares do comboio suburbano. Fiquei imediatamente impressionado com o número de jovens ingleses que se espalhavam à volta, todos eles bem vestidos, todos eles com o mesmo ar semiesfomeado e todos eles a falarem em voz baixa e grave com americanos sólidos e prósperos. Tinha a certeza de que estavam a vender qualquer coisa: ou eram títulos, ou seguros, ou automóveis. Estavam pelo menos agonizantemente cientes do dinheiro fácil que existia na vizinhança e convencidos de que, em troca de algumas palavras proferidas no tom adequado ao momento, esse dinheiro lhes pertenceria.

Assim que cheguei, fiz uma tentativa para encontrar o meu anfitrião, mas as duas ou três pessoas a quem perguntei pelo seu paradeiro fitaram-me de tal modo atónitas e negaram com tal veemência ter qualquer ideia dos seus movimentos, que me escapuli em direcção à mesa dos cocktails - o único sítio do jardim onde um celibatário como eu podia demorar-se sem parecer abandonado e sem objectivo.

Estava eu a caminho de ficar completamente bêbedo de puro embaraço, quando Jordan Baker saiu de dentro de casa e parou no topo das escadas de mármore, ligeiramente inclinada para trás, a olhar com desdenhoso interesse para o jardim.

Oportuno ou não, achei conveniente associar-me a alguém, antes que começasse a dirigir cordiais observações aos que por mim passassem.

- Olá! - rugi ao mesmo tempo que avançava para ela. A minha voz soou-me anormalmente alta através do jardim.

- Admiti que você cá estivesse - replicou ela distraidamente, enquanto eu subia.





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