Era uma fotografia de grupo, com meia dúzia de rapazes de blazer, ociosamente debaixo de uma arcada, para lá da qual se avistavam inúmeros pináculos. Lá estava Gatsby - um pouco, mas não muito, mais novo - com uma pá de cricket na mão.
Afinal, era tudo verdade. Imaginei as peles de tigre a flamejarem no seu palácio do Grand Canal; vi-o abrir um cofre de rubis para atenuar, com a intensidade dos seus reflexos carmesins, os tormentos do seu coração despedaçado.
- Vou pedir-lhe hoje um grande favor - disse ele, metendo no bolso, com satisfação, as recordações que me mostrara -, e por isso pensei que era minha obrigação começar por dizer-lhe alguma coisa a meu respeito. Não queria que você pensasse que eu era para aí um zé-ninguém. Sabe, eu encontro-me habitualmente entre estranhos, porque enquanto sou arrastado por uns e por outros não tenho tempo para magicar nas tristezas da minha vida - hesitou. - Já lhe explico esta tarde a que é que me refiro.
- À hora do almoço?
- Não, esta tarde. Soube por acaso que você vai tomar chá com Miss Baker.
- Quer dizer que você está apaixonado por Miss Baker?
- Não, meu velho, não é nada disso. Miss Baker é que teve a amabilidade de aceder a falar-lhe neste assunto.
Não fazia a menor ideia que assunto era «este», mas estava mais aborrecido do que interessado em saber. Não fora expressamente para falar sobre o senhor Jay Gatsby que eu convidara Jordan a tomar chá. Tinha, porém, a certeza de que o favor que ia agora pedir-me era algo de absolutamente extravagante e por momentos arrependi-me de ter posto os pés no seu relvado superpovoado.
Não disse nem mais uma palavra. A medida que nos aproximávamos da cidade, a sua correcção aumentava.