- Veio então a guerra, meu velho. FOI um enorme alívio para mim e nela procurei a morte a todo a custo, mas até parecia que tinha o feitiço a proteger-me. Quando a guerra começou, aceitei o cargo de primeiro-tenente miliciano. Na Argonne Forest avancei tão longe com os dois destacamentos do meu batalhão de metralhadoras que de cada lado de nós ficou um intervalo de meia milha por onde a infantaria não podia passar. Ali ficámos, cento e trinta homens, com dezasseis metralhadoras Lewis, durante dois dias e duas noites e quando, por fim, a nossa infantaria lá chegou, encontrou entre as pilhas de mortos as insígnias de três divisões alemãs. Fui logo promovido a major e condecorado por todos os Governos Aliados - até pelo de Montenegro, o minúsculo Montenegro, perdido lá em baixo, no mar Adriático!
- Pobre Montenegro! - ergueu no ar as palavras e acenou-lhes a sorrir. Com um sorriso que abraçava a perturbada história de Montenegro e a causa bélica dos destemidos montenegrinos. Um sorriso que tinha em inestimável apreço todo o encadeamento de circunstâncias nacionais que trouxera à superfície do coraçãozinho aliado de Montenegro o tributo que o mesmo lhe pagou.
A minha incredulidade estava agora submersa em fascínio; era como folhear à pressa uma dúzia de revistas.
Levou a mão ao bolso e na palma da minha caiu um pedaço de metal preso a uma fita.
- Essa é a medalha de condecoração de Montenegro. Para meu grande espanto, aquela coisa tinha aspecto de ser verdadeira. «Orderi di Danilo», dizia a legenda à volta, «Montenegro, Nicolas Rex.»
- Volte-a ao contrário.
- «Major Jay Gatsby» - li eu. - «Por notável bravura».
- E aqui está outra coisa que trago sempre comigo: uma recordação dos meus tempos de Oxford.