O Grande Gatsby - Cap. 4: Capítulo IV Pág. 75 / 173

Eu fui como dama de honor. Entrei no quarto dela meia hora antes do jantar de casamento e dei com ela deitada na cama, encantadora como uma noite de Junho no seu vestido florido... e bêbeda como um cacho. Tinha uma garrafa de sauternes numa das mãos e uma carta na outra.

- Dá-me os parabéns! - balbuciou ela. - Nunca bebi nada na vida, mas, oh!, como isto me sabe bem!

- Que se passa, Daisy?

Assustei-me mesmo, posso garantir-lhe; nunca tinha visto uma rapariga naquele estado.

- Olha aqui, minha cara - rebuscou num cesto de papéis que tinha ao seu lado, em cima da cama, e tirou de lá o colar de pérolas: - Leva-o lá para baixo e devolve-o a quem pertencer. Diz que a Daisy mudou de ideias. Diz: «A Daisy mudou de ideias!»

Começou a chorar - chorou que se fartou. Saí a correr e encontrei a criada da mãe dela; então, fechámos a porta à chave e demos-lhe um banho de água fria. Não largava a carta nem por mais uma. Levou-a consigo para a banheira, fê-la numa bola e só quando viu que a carta estava a desfazer-se como farrapos de neve é que me deixou pô-la na saboneteira.

Mas não disse mais nada. Demos-lhe amoníaco a cheirar, pusemos-lhe gelo na testa e enfiámos-lhe outra vez o vestido de noiva; quando, meia hora depois, saímos do quarto, já ela tinha o colar de pérolas ao pescoço e o incidente estava encerrado. No dia seguinte, às cinco horas, casou-se com o Tom Buchanan sem ter sequer um arrepio e partiu para a viagem de núpcias, de três meses, nos mares do Sul.

Vi-os em Santa Bárbara, depois de terem voltado, e achei que nunca tinha visto uma mulher tão perdida pelo marido como ela. Bastava que ele se ausentasse do quarto por um minuto para logo se pôr a olhar à volta, inquieta e a perguntar: «Para onde foi o Tom?», e ficava com a expressão mais ausente, enquanto não o via aparecer à porta.





Os capítulos deste livro