O Grande Gatsby - Cap. 4: Capítulo IV Pág. 76 / 173

Costumava sentar-se na areia com a cabeça dele no regaço, horas a fio, se fosse preciso, a acariciar-lhe os olhos com os dedos e a olhar para ele com insondável deleite. Enternecia vê-los assim juntos - fazia-nos rir baixinho, mas de puro enlevo. Isto, em Agosto. Uma semana depois de eu ter vindo de Santa Bárbara, Tom chocou, uma noite, com um camião, na estrada de Ventura, e ficou sem uma das rodas dianteiras do carro. Os jornais também falaram da rapariga que ia com ele, porque ficou com um braço partido - era uma das criadas de quarto do Hotel Santa Bárbara.

Em Abril do ano seguinte, a Daisy teve a menina e foram passar um ano a França. Vi -os, uma Primavera, em Cannes, mais tarde em Deauville e, finalmente, regressaram a Chicago para aí se fixarem. A Daisy era muito conhecida em Chicago, como você sabe. Andava sempre com um grupo de gente estroina, todos eles novos, ricos e desenfreados, mas ela saiu-se desta com uma reputação absolutamente irrepreensível. Provavelmente, por não beber. É sempre uma vantagem não beber, quando se está entre pessoas que bebem de mais. Pode-se ter tento na língua e, o que é mais, tem-se tempo para reparar qualquer pequena irregularidade que se cometa, de forma a que os outros, que estão toldados, dela não se apercebam ou não queiram saber.

É possível que a Daisy nunca se tenha deixado envolver verdadeiramente na aventura amorosa, - e, no entanto, há qualquer coisa naquela voz...

Bom, há cerca de seis semanas, ela ouviu o nome de Gatsbypela primeira vez em anos. Foi quando eu lhe perguntei -lembra-se? - se você conhecia um tal Gatsby em West Egg. Depois de você se ir embora, ela entrou no meu quarto, acordou-me e disse: «Qual Gatsby?» Quando lho descrevi - estava ela meio adormecida -, disse com a voz mais estranha que devia ser o homem que ela tinha conhecido.





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