O Grande Gatsby - Cap. 6: Capítulo VI Pág. 97 / 173

O seu instinto para a glória futura tinha-o levado, uns meses antes, a frequentar a pequena universidade luterana de St. Olaf, no Sul do Minnesota.

Por lá ficou duas semanas, desiludido com a feroz indiferença do ambiente da universidade perante o rufar dos tambores do seu destino, perante o destino em geral, e desprezando o trabalho de porteiro com que devia pagar a sua carreira académica. Derivou então, novamente, para o Lago Superior e continuava à procura de uma ocupação qualquer no dia em que o iate de Dan Cody ancorou nos baixios, junto à costa.

Cody tinha então cinquenta anos e era um produto das minas de prata do Nevada, do Yukon e de todas as corridas ao metal desde setenta e cinco.

As transacções em cobre de Montana, que tantas vezes o fizeram milionário, apanharam-no fisicamente robusto mas à beira da debilidade mental e, suspeitando disto, uma infinidade de mulheres procurou apartá-lo do seu dinheiro. As maquinações de modo nenhum edificantes com que Ella Kaye, a jornalista, representou para ele, neste seu estado senil, o papel de Madame de Maintenon e o mandou para o mar num iate, eram propriedade pública do jornalismo sensacionalista de 1902. Havia já cinco anos que costeava ao longo de praias verdadeiramente hospitaleiras, quando apareceu na Little Girl Bay, decidido a seguir o destino de J ames Gatz.

Para o jovem Gatz que, apoiado aos remos, contemplava de baixo a amurada do convés, aquele iate representava toda a beleza e esplendor do mundo .. Imagino que terá sorrido a Cody - provavelmente, já então tinha descoberto que as pessoas gostavam do seu sorriso. Seja como for, Cody fez-lhe algumas perguntas (com uma das quais conseguiu arrancar-lhe o nome ainda por usar) e reconheceu que ele era sagaz e singularmente ambicioso.





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