Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 2: Capítulo 2

Página 31

«Tenho uma velha avó. Fui para casa dela muito pequenina, pois perdera o meu pai e a minha mãe. É de crer que a avó foi rica em tempos, pois ainda hoje recorda esses dias melhores. Foi ela que me ensinou francês e, depois, me contratou um professor. Quando fiz quinze anos — tenho agora dezassete —, abandonei os estudos. Foi nessa altura que cometi a tal tolice de que lhe falei. Não lhe direi que tolice foi; basta que lhe diga que a falta não foi grande. Apesar disso, uma bela manhã, a avó chamou-me junto dela e disse-me que, como era cega e não podia andar atrás de mim, resolvera prender a sua saia à minha com um alfinete, acrescentando que, deste modo, iríamos passar toda a vida presas uma à outra, a não ser que eu me emendasse. Em suma, nos primeiros tempos não havia maneira de me conseguir afastar: para trabalhar, ler, estudar, tinha de estar sempre junto da avó. Uma vez tentei uma manha e convenci Fiokla a tomar o meu lugar. Fiokla é a nossa criada e é surda. Fiokla sentou-se no meu lugar; a avó, durante esse tempo, adormecera na sua poltrona e eu saí com uma amiga para bastante longe. Pois bem, a história acabou mal. A avó, durante a minha ausência, acordou e perguntou qualquer coisa, pensando que eu continuava ajuizadamente sentada no meu lugar. Fiokla via bem que a avó lhe estava a perguntar fosse o que fosse, mas não conseguia ouvir. Pensou e tornou a pensar no que devia fazer e, não encontrando solução, abriu o alfinete e fugiu...

Neste ponto, Nastenka deteve-se e desatou em sonoras gargalhadas. Eu ri com ela. Parou imediatamente de rir.

— Ouça lá, não se ria da minha avó. Eu rio-me porque acho isto divertido... O que quer... uma vez que a avo é assim... só eu, apesar de tudo, lhe tenho um pouco de amor. Bem... naquela altura isso arreliou-me bastante: imediatamente me obrigou a voltar ao meu lugar e, depois, nada a fazer, proibição de me mexer.

— Vamos, esqueci-me ainda de lhe dizer que nós temos, ou, melhor, que a avó tem, uma casa dela, ou, melhor ainda, uma casinha, três janelas ao todo, uma casinha de madeira, tão velha como a própria avó; em cima tem uma mansarda. Pois bem, um belo dia um novo hóspede veio morar para essa mansarda.»

<< Página Anterior

pág. 31 (Capítulo 2)

Página Seguinte >>

Capa do livro Noites Brancas
Páginas: 67
Página atual: 31

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 14
Capítulo 3 44
Capítulo 4 52
Capítulo 5 65