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Capítulo 1: Capítulo 1

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Os turistas de Kamenny Ostrov e das ilhas Aptekarski ou da estrada de Peterhof distinguiam-se pela estudada elegância das suas maneiras, pelos seus modernos lotos de Verão e pelas belas carruagens em que se deslocavam i cidade. Os habitantes de Pargolovo e das povoações mais afastadas distinguiam-se imediatamente pela sua sensatez e pelo seu ar grave. Os visitantes de Krestovski Ostrov eram reconhecíveis pela sua imperturbável jovialidade.

Encontrava, acidentalmente, uma longa procissão de carroceiros que caminhavam indolentemente, segurando as rédeas nas mãos, a par dos seus carros carregados de móveis diversos, mesas, cadeiras, divãs turcos e outros, e mais material doméstico em cima do qual ia muitas vezes, sentada, no topo de toda aquela pilha, uma magra criada vigiando ciosamente os haveres dos seus amos; via as barcas pesadamente carregadas de utensílios domésticos, deslizando sobre o Neva ou sobre o Fontanka, dirigindo-se para o rio Negro ou para as ilhas — e, carroças ou barcas, multiplicavam-se por dez, por cem, aos meus olhos. Parecia-me que tudo se pusera em marcha pelas estradas, que todos emigravam, em enormes caravanas, para os campos e que Sampetersburgo ameaçava transformar-se num deserto, de tal modo que acabei por ficar envergonhado, humilhado, aflito: eu não tinha sequer um lugar no campo para onde ir, nem qualquer ramo para o fazer. Estava, no entanto, disposto a partir a pé, com cada carroça que passava, a acompanhar cada cavalheiro de aparência respeitável que alugava um fiacre. Nem um só, porém, absolutamente ninguém, me convidou: como se eu estivesse esquecido, como se, na verdade, fosse um estranho para eles!

Andei muito e durante muito tempo, de tal modo que chegara já ao ponto de, conforme era meu hábito, esquecer onde estava, quando, de súbito, me encontrei às portas da cidade. Senti-me, num instante, tomado de alegria e passei a barreira. Avancei então pelo meio de campos semeados e de prados. Não experimentava a mínima fadiga, sentindo apenas, com toda a força do meu ser, que uma espécie de fardo deixava de pesar sobre a minha alma. Todos os transeuntes me olhavam tão amavelmente que por pouco ter-me-iam cumprimentado; respiravam, todos eles, uma espécie de contentamento e todos eles, sem excepção, fumavam charutos.

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Capa do livro Noites Brancas
Páginas: 67
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Os capítulos deste livro:
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Capítulo 2 14
Capítulo 3 44
Capítulo 4 52
Capítulo 5 65