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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 46

— Meu Deus, que amigo o senhor tem sido!—continuou ao cabo de um minuto, num tom muito sério. — Foi Deus que o pós no meu caminho! Pense no que seria de mim se o senhor não estivesse agora ao meu lado! Como é desinteressado! Como gosta de mim! Quando casar, seremos muito amigos, mais do que se fossemos irmãos! Amá-lo-ei quase tanto a si como a ele...

Naquele instante senti um pungente desgosto. Algo houve, no entanto, que em mim se agitou como uma gargalhada.

— A Nastenka está excitada—disse eu—, está com medo, receia que ele não venha.

— Vá para o diabo! — respondeu. — Se eu estivesse menos feliz, julgo que choraria devido a sua descrença e às suas censuras. Alias, o senhor deu-me uma ideia e forneceu-me matéria para reflexão. Mas isso é para mais tarde: agora, confesso-lhe, o que disse é verdade. Não, eu não estou no meu estado normal, estou completamente na expectativa e, além disso, vivo sempre as coisas com muita violência... Mas basta, deixemos os sentimentos em paz!...

Nessa altura, ouviram-se passas, e na obscuridade destacou-se a silhueta de um transeunte que avançava na nossa direcção. Ambos estremecemos; ela esteve quase a dar um grito. Deixei cair a mão e esbocei o gesto de me afastar. Mas estávamos enganados: não era ele.

— De que tem medo? Por que razão largou a minha mão? —disse-me ela, dando-me novamente a mão.—Pois bem, que interessava isso? Vamos acolhê-lo os dois. Quero que ele veja como eu e o senhor nos amamos.

— «Como eu e o senhor nos amamos!»—repeti.

«Oh, Nastenka, Nastenka», pensei, «as coisas que tu disseste com essa palavra! Há momentos em que um amor como este arrefece o coração e pesa na alma. A tua mão está fria e a minha arde como fogo. Como és cega, Nastenka!... Como é insuportável ser-se feliz em certos momentos! Mas, apesar de tudo, não posso zangar-me contigo!...»

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Capa do livro Noites Brancas
Páginas: 67
Página atual: 46

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 14
Capítulo 3 44
Capítulo 4 52
Capítulo 5 65