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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 59

A pobrezinha estava de tal modo emocionada que não conseguiu terminar; apoiou a cabeça no meu ombro, depois sobre o meu peito, e chorou amargamente. Eu consolava-a, encorajava-a, mas nada lhe conseguia deter a mágoa; continuava a apertar-me a mão e dizia por entre os soluças: «Espere, espere. Vai ver, isto vai parar já! Quero dizer-lhe... não pense que estas lágrimas... não, elas vêm-me assim, é da fraqueza; espere que isto passe...» Finalmente, parou de chorar, limpou as lágrimas, e recomeçámos a caminhar Eu queria falar, mas ela, ainda durante muito tempo, continuou a pedir-me que esperasse. Calámo-nos... Por fim, reuniu toda a sua coragem e começou a falar.

— Olhe — disse com uma voz débil, mas onde bruscamente ressoou -algo que me trespassou violentamente o coração e nele produziu uma agradável dor —, não me julgue inconstante e volúvel, não pense que sou capaz de esquecer e de trair tão levianamente e tão depressa... Durante todo um ano amei-o e, juro-o diante de Deus, nunca, nem mesmo por pensamentos, lhe fui infiel. Ele desprezou isso e zombou de mim. Que lhe sirva de proveito! Feriu e humilhou o meu coração. Eu... eu não o amo, pois não posso amar senão quem for generoso, me compreenda e seja nobre de sentimentos, porque eu própria sou assim e ele é indigno de mim: por isso, que lhe sirva de proveito a traição! Foi melhor assim do que só mais tarde, após ter sido iludida nas minhas esperanças, viesse a saber quem ele era... Não é verdade? Mas, quem sabe? Talvez que todo o meu amor não tenha passado de uma ilusão dos sentidos e da imaginação, talvez que tenha começado por criancice, por tolice, por estar tão severamente vigiada pela minha avó. Talvez que amasse nele outro homem completamente diferente, que tivesse compaixão de mim e... e... Vamos, deixemos isto! Deixemos isto! — Interrompeu-se, ofegante de emoção. — Eu queria só dizer-lhe... eu queria só dizer-lhe que, ainda que o ame (não, ainda que o tenha amado), se, apesar disso, o senhor quiser ainda... se sente que o seu amor é suficientemente grande para poder afugentar do meu coração o amor que antes o habitava... se quiser ter piedade por mim, se não quiser abandonar-me ao meu destino, sem consolação, sem esperanças, se quiser amar-me tanto quanto me ama agora, então, juro-lhe, a minha gratidão... o meu amor acabará por ser digno do seu... Aceitaria nestas condições a minha mão?

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Capa do livro Noites Brancas
Páginas: 67
Página atual: 59

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 14
Capítulo 3 44
Capítulo 4 52
Capítulo 5 65