espumas de neve, rosas mais pálidas que as que eu tinha no meu palácio distante - diz uma filha de rei.
- Eu sei de um túmulo de areia onde a areia é de prata...
- Eu descobri a gruta toda em pérolas cor-de-rosa, onde fica a madrugada... As ondas ali não cantam, poderá dormir descansado...
- Levemo-lo para aquele berço em forma de caravela que destas praias partiu e se perdeu no mar das Tormentas...
O frémito das vozes fazia-se maré alta... as pálpebras violetas palpitavam...
Foi então que uma delas, que tinha no olhar um pouco da nostálgica tristeza humana, que mostrava ainda sinais de algemas nos pulsos de seda branca, que trazia nos cabelos uma vaga cinza de crepúsculo, murmurou, enquanto num gesto, onde havia ainda esfumadas reminiscências de gestos maternais, lhe aconchegava ao peito a mísera couraça de pano azul:
- Deixem-no... Talvez lhe doam as asas quebradas...
Silêncio...
E aquele que tinha sido um filho dos homens ficou a dormir na eternidade como se fora um filho dos deuses.