Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 20: Capítulo 20

Página 116
Se tivermos adjudicado, com razão, à música a força de poder gerar novamente o mito de si, então deveremos procurar o espírito da música na estrada em que ele se opõe hostilmente a esta força criadora de mitos da música. Sucede tal no desenvolvimento do novo ditirambo ático, cuja música não mais exprimiu o ser interno, a própria vontade, mas que só transmitia insuficientemente o fenômeno, numa imitação conseguida por meio de conceitos. Desta música, degenerada internamente, se apartavam as pessoas verdadeiramente musicais com a mesma aversão, que tinham da tendência assassina da arte de Sócrates. O instinto seguro de Aristófanes agiu, sem dúvida, acertadamente ao incluir o próprio Sócrates, a tragédia de Eurípides e a música dos ditirâmbicos mais modernos no mesmo sentimento de ódio, sentindo em todos estes três fenômenos os sinais de uma cultura degenerada. Mediante aquele novo ditirambo tornou-se a música, criminosamente, a imagem imitativa do fenômeno, por exemplo de uma batalha, de um temporal, tendo-se, em verdade, roubado com isto toda sua força criadora de mitos. Pois se ela procura excitar o nosso deleite apenas em nos forçando procurar analogias externas entre um acontecimento da vida e da natureza e certas figuras rítmicas e sons característicos da música, se a nossa inteligência se deve contentar com o conhecimento dessas analogias, então descemos a um estado de ânimo em que é impossível a receção do mítico; pois o mito deseja ser entendido contemplativamente, como único exemplo de uma generalidade e verdade, que crava os olhos no infinito. A verdadeira música dionisíaca se nos depara como um tal espelho geral da vontade do mundo; aquele acontecimento contemplativo, que neste espelho se reflete, alarga-se para nosso sentimento como sendo a imagem de uma verdade eterna.

<< Página Anterior

pág. 116 (Capítulo 20)

Página Seguinte >>

Capa do livro A Origem da Tragédia
Páginas: 164
Página atual: 116

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 6
Capítulo 3 18
Capítulo 4 19
Capítulo 5 25
Capítulo 6 30
Capítulo 7 34
Capítulo 8 39
Capítulo 9 46
Capítulo 10 51
Capítulo 11 57
Capítulo 12 65
Capítulo 13 72
Capítulo 14 76
Capítulo 15 83
Capítulo 16 90
Capítulo 17 94
Capítulo 18 100
Capítulo 19 106
Capítulo 20 113
Capítulo 21 120
Capítulo 22 125
Capítulo 23 135
Capítulo 24 139
Capítulo 25 147
Capítulo 26 153
Capítulo 27 158
Capítulo 28 163