Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: Capítulo 4

Página 17
Hoje não possuímos ciência senão enquanto nos decidimos por aceitar os sentidos: por torná-los mais incisivos, por armá-los, por fazê-los aprender a pensar até o fim. O resto é algo que nasceu abortado e que ainda-não-é-ciência: Metafísica, Teologia, Psicologia, Teoria do Conhecimento. Ou ciência-formal, teoria dos signos: exatamente como a lógica e aquela lógica aplicada, a matemática. Nelas a efetividade não se apresenta absolutamente como problema nem sequer uma única vez. Elas tampouco se interessam pela colocação da questão acerca de que valor em geral possui uma convenção de signos tal como a lógica.

4.

A outra idiossincrasia dos filósofos não é menos perigosa: consiste em confundir as coisas últimas com as primeiras. Eles colocam no início enquanto início o que vem no fim (infelizmente! pois não devia vir em momento algum!): os "conceitos mais elevados", os conceitos mais universais e vazios, a derradeira fumaça da realidade que evapora. De novo, uma tal disposição é apenas a expressão de seu modo de venerar: o mais elevado não tem o direito de surgir do mais baixo, não tem de modo algum o direito de ter surgido... Moral: tudo o que é de primeira linha precisa ser causa sui. A proveniência a partir de algo diverso vale como objeção, como colocação em dúvida de seu valor. Todos os valores superiores são de primeira linha, todos os conceitos mais elevados, o ser, o incondicionado, o Bem, o verdadeiro, o perfeito. Nenhum deles pode ter experimentado o vir-a-ser, consequentemente todos precisam ser causa sui. Nenhum deles pode porém ser ao mesmo tempo desigual entre si, pode estar em contradição consigo mesmo... É assim que eles descobrem seu conceito estupendo de "Deus"... O derradeiro, o mais tênue, o mais vazio é posto como o primeiro, como causa em si, como ens realissimum... Ah! A humanidade levou realmente a sério as dores cerebrais desses doentes, desses tecelões de teias de aranha! - E ela pagou caro por isso!...

<< Página Anterior

pág. 17 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro Crepúsculo dos Ídolos
Páginas: 106
Página atual: 17

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 8
Capítulo 4 15
Capítulo 5 21
Capítulo 6 23
Capítulo 7 30
Capítulo 8 40
Capítulo 9 45
Capítulo 10 53
Capítulo 11 98
Capítulo 12 106