Eles são condicionados pela consciência de boas ações (a assim chamada "boa consciência"; um estado fisiológico que por vezes parece tão similar a uma digestão feliz, que chegamos a confundi-los). Eles são condicionados pelo desenlace feliz de certos empreendimentos (falsa conclusão, de uma ingenuidade patética: o desenlace feliz de um empreendimento não cria, para um hipocondríaco ou para um Pascal, nenhum sentimento universal agradável). Estes são condicionados pela crença, pelo amor, pela esperança - as virtudes cristãs. - Em verdade, todas estas pretensas explicações são consequências de estados de prazer e de desprazer traduzidos, por assim dizer, em um falso dialeto: se está em condições de ter esperanças porque o sentimento fundamental fisiológico está de novo forte e rico; confia-se em Deus porque o sentimento de plenitude e de força entrega ao indivíduo a quietude. - A moral e a religião pertencem completamente à psicologia do erro: em todos os casos particulares, a causa e o efeito são confundidos; ou bem a verdade é confundida com o efeito do que se crê como verdadeiro; ou bem um estado de consciência com a causalidade desse estado.
7.
Erro da vontade livre. - Hoje já não temos mais nenhuma compaixão pelo conceito de "vontade livre": sabemos muito bem o que ele é - o mais suspeito artifício dos teólogos que existe; um artifício que tem por objetivo fazer com que a humanidade se torne "responsável" à moda dos teólogos, isto é, que visa fazer com que a humanidade seja dependente deles... Eu ofereço aqui apenas a psicologia de toda e qualquer atribuição de responsabilidade. - Onde quer que as responsabilidades sejam procuradas, aí costuma estar em ação o instinto de querer punir e julgar.