31. O verme se enconcha quando é chutado. Essa é a sua
astúcia. Ele diminui com isso a probabilidade de ser novamente chutado. Na
língua da moral: humildade.
32. Há um ódio à mentira e à dissimulação que nasce de uma
apreensão sensível da honra. Há um ódio exatamente como esse que nasce da
covardia, visto que a mentira é proibida por um mandamento divino. Covarde
demais para mentir...
33. Quão poucas coisas são necessárias para a felicidade! O
som de uma gaita. - Sem música a vida seria um erro. O alemão imagina Deus
cantando canções.
34. <i>On ne peut penser et écríre qu'assis</i> (G.
Flaubert). É assim que te pego, Niilista! A pachorra é justamente o pecado
contra o Espírito Santo. Só os pensamentos que surgem em movimento têm valor.
35. Há casos em que somos como cavalos, nós psicólogos, e
permanecemos inquietos: vemos nossas próprias sombras oscilando diante de nós
para cima e para baixo. O psicólogo precisa abstrair-se de si, a fim de que seja
acima de tudo capaz de ver.
36. Se nós imoralistas fazemos mal à virtude? Tão pouco
quanto os anarquistas fazem mal aos príncipes. Somente depois de lhes ter
alvejado é que estes se sentam firmemente em seus tronos. Moral: é preciso
alvejar a moral.