- Tomando por alto, estas são as punições em geral estabelecidas em função da conservação e da proteção contra a extrema vulnerabilidade daquela máquina sutil que trabalha sob a mais elevada pressão e que se chama gênio. –
32.
O Imoralista fala. - Para o filósofo, nada fere mais o gosto do que o homem quando deseja... Ele considera o homem apenas em sua ação, ele vê este animal supremamente corajoso, astuto e perseverante perdido mesmo em meio a conjunturas de uma penúria labiríntica, o quão digno de admiração lhe parece o homem! Ele ainda lhe dirige a palavra... Mas o filósofo despreza o homem que deseja, assim como o homem "Passível de ser desejado" - e em geral tudo o que é desejável, todos os ideais do homem. Se um filósofo pudesse ser niilista, então ele o seria porque não encontra o nada por detrás de todos os ideais do homem. Ou nem ao menos uma vez o nada - mas apenas o que não é digno de nada, o absurdo, o doentio, o covarde, o cansaço, todo tipo de excremento dos copos tragados de sua vida... O homem que enquanto realidade é tão digno de veneração, como acontece de não merecer nenhum respeito quando deseja? Será que ele precisa expiar por ser tão apreciável como realidade? Será que ele precisa equiparar a sua ação, a tensão da cabeça e da vontade em toda ação, à extensão dos membros no interior do imaginário e absurdo? - A história do que para ele é passível de ser desejado foi até aqui a partie honteuse do homem: é preciso que nos guardemos de ler por muito tempo nesta história. O que justifica o homem é . a sua realidade: ela o justificará eternamente. O quão mais valoroso é o homem real, comparado com qualquer homem meramente desejado, sonhado, inventado de modo mendaz? Com qualquer homem ideal?... E apenas o homem ideal fere o bom gosto do filósofo.