Capítulo 10: Capítulo 10
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Criar uma nova responsabilidade que exija do médico em todos os casos, nos quais o interesse mais elevado da vida, da vida ascendente, o impelir a vida degenerada para o lado e para baixo sem qualquer consideração. - Por exemplo, em vista do direito de procriar, em vista do direito de nascer, em vista do direito de viver... Morrer de uma maneira orgulhosa, quando não é mais possível viver de uma maneira orgulhosa. A morte, eleita livremente, a morte no tempo certo, com claridade e alegria, empreendida em meio a crianças e testemunhas: de modo que uma real despedida ainda é possível, onde este que se despede ainda está aí, assim como uma apreciação real do que foi alcançado e querido, uma soma da vida - tudo em contraposição à comédia deplorável e horripilante que o cristianismo levou a cabo com a hora da morte. Não se deve jamais esquecer em relação ao cristianismo o fato de ele ter transformado abusivamente a fraqueza dos moribundos em violação da consciência e o modo da morte mesma em juízos de valor tanto sobre o homem quanto sobre o passado! - Aqui vale produzir, antes de tudo e apesar das covardias do preconceito, a dignificação correta, isto é, fisiológica, da assim chamada morte natural: que por fim também não é senão uma morte "não natural", um suicídio. Nunca se perece pelas mãos de um outro, mas sempre por suas próprias mãos. A única diferença é que a morte sob condições desprezíveis não é uma morte livre, ela não é uma morte no tempo certo, ela é a morte de um covarde. Dever-se-ia por amor à vida - desejar a morte de outra forma, a morte livre, consciente, sem acaso, sem a tomada de assalto... Por fim, um conselho para os senhores pessimistas e outros decadentes. Não estamos de posse da possibilidade de impedir o nascimento: mas podemos nos corrigir uma vez mais este erro - pois ele foi até aqui um erro. Quando um homem suprime a si mesmo, ele faz a coisa mais digna de respeito.
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