Capítulo 10: Capítulo 10
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Os grandes homens são necessários, o tempo em que aparecem são casuais; o fato de eles quase sempre se transformarem em senhores sobre o seu tempo não se sustém senão através do fato de eles serem mais fortes, mais antigos, de as forças terem se agrupado por mais tempo em direção a eles. Entre um gênio e seu tempo subsiste uma relação tal como a relação entre o forte e o fraco, também como a relação entre o antigo e o novo: o tempo é relativamente sempre muito mais jovem, muito mais franzino, muito mais inseguro, muito mais infantil. Que se pense hoje na França de uma maneira muito diferente (na Alemanha também: mas isto não diz nada), que lá a teoria do milieu [meio], uma verdadeira teoria de neuróticos, tenha se tornado sacrossanta, quase científica e tenha encontrado crença até mesmo entre os fisiólogos, isto "não cheira bem", isto é capaz de levar alguém a tristes pensamentos. - Também não se compreendem as coisas de outra forma na Inglaterra, mas ninguém vai se incomodar com isto. Para o inglês, só se encontram dois caminhos abertos para suportar o gênio e o "grande homem": ou bem democraticamente como Buckle, ou bem religiosamente como Carlyle. O risco que reside em grandes homens e tempos é extraordinário; a extenuação de todos os tipos, a esterilidade os persegue de perto. O grande homem é um fim; o grande tempo, a Renascença por exemplo, é um fim. O gênio - em obra, em ação - é necessariamente um desperdiçador: do fato de exaurir a si mesmo advém a sua grandeza... O instinto da auto-conservação está como que exposto; a pressão ultraviolenta das forças que estão se extravasando o impede de toda tentativa de proteção como esta e de todo cuidado. Costuma-se chamar isto de "sacrifício"; é célebre o seu "heroísmo" em meio a este sacrifício, sua indiferença frente ao próprio bem-estar, sua entrega a uma ideia, a uma grande ideia, à pátria: tudo mal-entendidos...
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