Em parte subsequente do mesmo artigo as lutas em Barcelona tornam-se "o ataque do P.O. U. M.", e em outro artigo na mesma edição afirma-se "não haver dúvida de que seja à porta do P.O.U.M. que deva ser depositada a responsabilidade pelo derramamento de sangue na Catalunha". A Inprecor (29 de maio) afirma que quem construiu as barricadas em Barcelona foram "apenas membros do P.O.U.M., organizados por esse partido para tal fim".
Eu poderia citar muitas outras coisas, mas já bastou para esclarecer. O P .O. U. M. fora inteiramente responsável, e o P.O.U.M. agira sob ordens fascistas. Apresentarei mais trechos dos relatos surgidos na imprensa comunista, e se vera que são contraditórios a tal ponto que se tornam inteiramente sem valor. Mas antes de fazê-lo vale a pena indicar, a priori, diversos motivos pelos quais essa versão das lutas de maio como levante fascista, engendradas pelo P.O.U.M., está a um passo do incrível.
(1) O P.O.U.M. não tinha número de membros ou influência suficiente para provocar desordens daquela natureza. Menor ainda era seu poder de convocar uma greve geral. Tratava-se de organização política sem qualquer apoio definido nos sindicatos, e teria sido capaz de produzir uma greve em Barcelona tanto quanto (digamos) o Partido Comunista Britânico o conseguiria fazer em Glasgow. Como afirmei antes, a atitude dos dirigentes do P.O.U.M. pode ter ajudado a prolongar a luta, mas não lhes seria possível iniciá-la, ainda que o quisessem fazer,
(2) A alegada trama fascista repousa na afirmação pura e simples que se fez nesse sentido, e todas as indicações existentes são ao contrário. Dizem-nos que o plano destinava-se a permitir aos governos alemão e italiano o desembarque de tropas terrestres na Catalunha, mas nenhum navio alemão ou italiano, trazendo tropas, aproximou-se da costa. Quanto ao "Congresso da Quarta Internacional" e aos "agentes alemães e italianos", isso era apenas mito. Até onde sei, nem sequer houvera qualquer referência a um Congresso da Quarta Internacional. Existiam planos vagos para um Congresso do P.O.U.M. e seus partidos-irmãos (a I.L.P. inglesa, S.A.P. alemã, etc. etc.), o que fora marcado experimentalmente para alguma época de julho - dois meses depois - e não chegara ainda um único delegado para o mesmo. Os "agentes alemães e italianos" não têm qualquer existência, senão nas páginas do Daily Worker.