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Capítulo 13: Capítulo 13

Página 168
As prisões, batidas e buscas continuavam sem cessar, e praticamente todos que conhecíamos, a não ser os que ainda se encontravam no front, já se achavam presos a essa altura. A polícia estava examinando até os navios franceses que periodicamente partiam com refugiados, retirando dos mesmos os suspeitos de "trotskismo".

Graças à bondade do cônsul inglês, que deve ter passado uma semana bastante difícil naquela ocasião, conseguimos pôr os passaportes em ordem. Quanto mais cedo partíssemos, melhor. Havia um trem que deveria partir para Port Bou às sete e meia da noite, e podíamos calcular que o fizesse por volta de oito e meia. Fizemos preparativos para que minha esposa pedisse um táxi com antecedência e então arrumasse as malas, pagasse a conta e deixasse o hotel no último instante possível, pois se desse aviso com tempo suficiente ao pessoal do hotel eles certamente mandariam avisar a polícia. Cheguei à estação por volta das sete horas, e descobri que o trem já partira - saíra aos dez para as sete. O maquinista mudara de ideia, como de costume. Felizmente conseguimos avisar minha mulher ainda a tempo. Havia outro trem que partiria cedo na manhã seguinte. McNair, Cottman e eu jantamos em pequeno restaurante próximo à estação, e mediante perguntas cautelosas descobrimos que seu dono era membro da C.N.T. e amigo nosso. Deu-nos um quarto com três camas e esqueceu-se de notificar a polícia. Foi a primeira vez, em cinco noites, que pude tirar a roupa para dormir.

Na manhã seguinte minha esposa conseguiu sair do hotel, e o trem atrasou-se perto de um hora para partir. Preenchi esse tempo escrevendo longa carta ao Ministério da Guerra, contando-lhes o caso de Kopp - que, sem a menor dúvida, ele fora preso por engano, que estavam precisando urgentemente dele no front, que inúmeras pessoas testemunhariam sua inocência quanto a qualquer crime, etc. etc. etc. Não sei se alguém leu aquela carta, escrita em páginas arrancadas de um caderninho, com caligrafia tremula (meus dedos ainda estavam parcialmente paralisados) e em espanhol mais tremulo ainda. Seja como for, nem essa carta teve qualquer efeito, nem mais coisa alguma. Enquanto escrevo estas linhas, seis meses depois do fato, Kopp (Se já não foi fuzilado) continua preso, sem julgamento e sem saber quais as acusações que pesam contra ele. De início recebemos duas ou três cartas dele, mandadas sigilosamente por meio de prisioneiros libertados e postas no correio na França. Todas contavam a mesma história - prisão em buracos escuros e imundos, alimentação ruim e insuficiente, doença seria devido às condições das prisões, e recusa de qualquer cuidado medico.

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Capa do livro Homenagem à Catalunha
Páginas: 193
Página atual: 168

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 12
Capítulo 3 19
Capítulo 4 32
Capítulo 5 39
Capítulo 6 51
Capítulo 7 64
Capítulo 8 70
Capítulo 9 81
Capítulo 10 105
Capítulo 11 130
Capítulo 12 142
Capítulo 13 157
Capítulo 14 173