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Capítulo 13: Capítulo 13

Página 172

Por achar que devíamos fazer alguma coisa, embora realmente nada houvesse nesse sentido, deixamos Banyuls antes do que havíamos planejado. A cada quilômetro que se percorria para o Norte a França tornava-se mais verde e macia. Longe da montanha e das videiras, de volta aos prados e aos olmos. Quando eu passara por Paris a caminho da Espanha, a cidade parecera decadente e sombria, muito diferente daquela Paris que eu conhecera oito anos antes, quando a vida era barata e não se ouvia falar em Hitler, Metade dos cafés que eu conhecia estava fechada por falta de freguesia e todos se mostravam obcecados com o alto custo de vida e o medo à guerra. Agora, depois de ter estado na pobre Espanha, Paris afigurava-se alegre e próspera, e a Exposição se encontrava em pleno funcionamento, embora conseguíssemos deixar de visitá-la.

E depois disso a Inglaterra - aquela Inglaterra meridional que provavelmente possui a paisagem mais insinuante de todo o mundo. É difícil, para quem passa por ali, ainda mais quando sossegadamente recobrando do enjoo do mar com almofadas de pelúcia do vagão de passageiros sob o traseiro, acreditar que realmente esteja acontecendo alguma coisa em qualquer parte do mundo. Terremotos no Japão, fome na China, revoluções do México? Não se preocupe, o leite estará amanhã cedo em sua porta, o New Statesman sairá sexta-feira. As cidades industriais estavam distantes, num borrão de fumaça e miséria oculto pela curvatura da superfície terrestre. Ali continuava existindo a Inglaterra que eu conhecera na infância: os cortes do leito ferroviário tomados por flores silvestres, os prados onde cavalos grandes e brilhantes pastam e meditam, os rios e córregos de águas calmas e orlados de salgueiros, os verdes seios dos olmos, as esporinhas nos jardins das casas de campo, e depois disso o enorme agreste pacífico na periferia de Londres, as barcaças no rio barrento, as ruas conhecidas, os cartazes falando de partidas de cricket e casamentos na Corte, homens com chapéus-de-coco, os pombos da Praça Trafalgar, os ônibus vermelhos, os policiais de azul - tudo isso dormindo o sono profundo, muito profundo. da Inglaterra, do qual as vezes receio que jamais despertaremos, senão quando arrancados dele pelo estrondo das bombas.

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pág. 172 (Capítulo 13)

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Capa do livro Homenagem à Catalunha
Páginas: 193
Página atual: 172

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 12
Capítulo 3 19
Capítulo 4 32
Capítulo 5 39
Capítulo 6 51
Capítulo 7 64
Capítulo 8 70
Capítulo 9 81
Capítulo 10 105
Capítulo 11 130
Capítulo 12 142
Capítulo 13 157
Capítulo 14 173