Mas já se tornara inteiramente óbvio que não haveria qualquer batalha por muito tempo ainda, a menos que o inimigo a empreendesse. Georges Kopp, em suas visitas periódicas de inspeção, mostrou-se bastante franco conosco.
- Isto não é uma guerra - costumava dizer. - uma ópera cômica, com alguém morrendo de vez em quando.
Na verdade a estagnação na frente de Aragón tinha causas políticas das quais eu nada sabia na ocasião, mas as dificuldades de natureza puramente militar - bem à parte da falta de reservas de homens - estavam à vista de todos.
Para começar, havia a natureza do terreno. A linha de frente, tanto a nossa quanto a dos fascistas, passava por posições dotadas de imensa força natural, que via de regra só podiam ser atacadas por um lado. Desde que algumas trincheiras fossem cavadas, lugares como aqueles não poderiam ser tomados pela infantaria, a não ser com esmagadora superioridade numérica. Em nossa própria posição, ou na maioria das que estavam mais próximas, uma dúzia de homens com duas metralhadoras poderia manter à distância todo um batalhão. Encarapitados no topo dos morros como estávamos devíamos ser alvos formidáveis para a artilharia, mas não existia artilharia em cena. Às vezes eu examinava a paisagem e ficava ansiando - e com quanto fervor! - por algumas baterias. Podia-se destruir as posições inimigas uma por uma com tanta facilidade quanto o quebrar nozes com um martelo. Mas no nosso lado simplesmente não havia canhões. Os fascistas, de vez em quando, conseguiam trazer um canhão ou dois de Saragoça e disparar algumas granadas, tão poucas que jamais acertavam o alcance dos disparos, e iam cair inofensivamente nas ravinas vazias. Contra o fogo de metralhadoras e sem se dispor de artilharia, só restam três coisas a fazer: cavar um abrigo no chão, em distância suficiente - uns quatrocentos metros -, atacar pelo campo aberto e ser massacrado, ou fazer ataques noturnos de pequena escala, que não modificam a situação geral. As alternativas a isso, de um ponto de vista prático, são a estagnação ou o suicídio.
Prevalecia, além disso, uma falta completa de material bélico de todos os tipos. E preciso fazer esforço para compreender como as milícias se encontravam mal armadas naquela altura. Qualquer centro de preparação de oficiais, funcionando em anexo a uma escola pública na Inglaterra, mostra-se muito mais moderno, como exército, do que éramos na milícia. A má qualidade de nosso armamento chegava a ponto tão espantoso que merece registro com pormenores.
Para aquele setor da frente toda nossa artilharia consistia de quatro morteiros de trincheira com quinze petardos por peça. Está claro que eram artigos preciosos demais para disparar, e os morteiros ficavam em Alcubierre.