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Capítulo 1: Capítulo 1

Página 5
Os milicianos tinham de ser mantidos fora da escola de equitação, enquanto as mulheres recebiam treinamento, porque riam delas e as embaraçavam com sua galhofa. Alguns meses antes, ninguém teria achado graça alguma ao ver as mulheres empunhando armas.

Todo o quartel se encontrava naquele estado de sujeira e desordem ao qual a milícia levava todos os edifícios por ela ocupados, e que parece um dos subprodutos da revolução. Em qualquer canto onde se olhasse, estavam pilhas de móveis quebrados, selas inservíveis, capacetes metálicos de cavalarianos, bainhas vazias de sabres e alimento deteriorado. Havia um desperdício espantoso de alimentos, em especial o pão. Só de meu alojamento era jogada fora toda uma cesta de pão, a cada refeição, coisa verdadeiramente deplorável quando se sabia que esse gênero estava faltando à população civil. Comíamos em compridas armações de mesa, tendo por pratos um vasilhame permanentemente engordurado, e bebíamos um negócio horrível, chamado porrón. Um porrón é um tipo de garrafa com bico fino, do qual espirra um jato de vinho sempre que é virado, e assim pode-se beber à distância, sem tocá-la com os lábios, e passá-la de um a outro usuário. Entrei em greve e exigi uma caneca, assim que vi o porrón em uso. Para mim, era demasiada a semelhança entre aquele objeto e um urinol de doentes, ainda mais quando cheio de vinho branco.

Pouco a pouco os recrutas iam recebendo seus uniformes, e como estávamos na Espanha, tudo lhes era entregue sem qualquer método ou ordem, de modo que não se podia ter certeza de quem recebera o quê, e diversos artigos dos quais mais necessitávamos, como cinturões e cartucheiras, não foram distribuídos senão ao último instante, quando o trem já estava à nossa espera para levar-nos à linha de frente. Já falei sobre o "uniforme" da milícia, palavra essa que talvez proporcione uma impressão errônea. A coisa não era propriamente um uniforme, e a palavra "multiforme" poderia constituir descrição mais exata. As roupas de todos seguiam o mesmo plano geral, mas jamais se mostravam idênticas em dois homens, quaisquer que fossem eles. Praticamente todos, no exército, usavam culotes de belbute, mas terminava aí a uniformidade. Alguns usavam perneiras curtas, outros polainas de belbute, outros calçavam botas de cano alto e havia quem usasse perneiras compridas. Todos envergavam uma jaqueta fechada com zipper, mas algumas dessas jaquetas eram de couro, outras de lá, e de todas as cores imagináveis. Os tipos de cobertura para a cabeça eram quase tão numerosos quanto os homens.

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Capa do livro Homenagem à Catalunha
Páginas: 193
Página atual: 5

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 12
Capítulo 3 19
Capítulo 4 32
Capítulo 5 39
Capítulo 6 51
Capítulo 7 64
Capítulo 8 70
Capítulo 9 81
Capítulo 10 105
Capítulo 11 130
Capítulo 12 142
Capítulo 13 157
Capítulo 14 173