Capítulo 8: Capítulo 8
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Conforme indiquei anteriormente, a manobra para acabar com as milícias partidárias constituiu, no fundo, uma manobra visando a esse desiderato. Ao mesmo tempo, as forças policiais existentes antes da guerra, Guardas Civis e assim por diante, foram postas novamente em uso e recebiam grandes reforços e armamento. Isso somente podia significar uma coisa. Os Guardas Civis, de modo especial, eram uma gendarmaria do tipo continental comum, que por quase um século agira como guarda-costas da classe proprietária. Nesse intervalo, fora baixado um decreto determinando que todas as armas em mãos de particulares deviam ser entregues. Como era natural, tal ordem não fora obedecida, tornando-se claro que as armas dos anarquistas só lhes poderiam ser arrebatadas à força - Circularam boatos, sempre vagos e contraditórios devido à censura dos jornais, a respeito de refregas menores que ocorriam por toda a Catalunha. Em diversos lugares as forças policiais armadas desferiram ataques aos bastiões anarquistas. Em Puigcerdá, na fronteira com a França, uma turma de Carabineros fora mandada apossar-se do Posto Alfandegário, antes controlado pelos anarquistas, e Antonio Martin, anarquista bem conhecido, fora morto no encontro. Incidentes semelhantes ocorreram em Figueras, e também Tarragona, ao que parece. Em Barcelona ocorrera uma série de refregas travadas a braço, coisa da qual tínhamos conhecimento mais ou menos não oficial, e nos bairros da classe trabalhadora. Os membros da C.N.T. e U.G.T. estiveram a matar-se mutuamente por algum tempo, e em diversas ocasiões os assassinatos eram acompanhados por imensos e provocantes funerais deliberadamente planejados para atiçar o ódio político. Pouco tempo antes, um membro da C.N.T. fora assassinado, e a C.N.T. se apresentara com centenas de milhares de membros para acompanhar seu cortejo fúnebre. Ao final de abril, pouco antes de eu deixar Barcelona, era assassinado Roldan, destacado membro da U. G T., presumivelmente por alguém da C.N.T. O Governo ordenou o fecho de todas as casas comerciais e encenou uma imensa procissão fúnebre, composta principalmente por soldados do Exército Popular, que levou duas horas desfilando. Da janela do hotel pude observá-la, sem a menor sombra de entusiasmo. Tornava-se óbvio que aquele chamado funeral não passava de uma exibição de força, e com um pouco mais daquilo poderia haver derramamento de sangue. Naquela mesma noite minha mulher e eu fomos despertados por uma fuzilaria na Plaza de Cataluña, a cem ou duzentos metros de distância. No dia seguinte fomos informados de que fora a eliminação de um homem da C.N.T., presumivelmente por alguém da U.G.T.
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