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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 83
A questão se tornara suficientemente clara. De um lado a C. N.T., no outro a polícia. Eu não morro de amores pelo "trabalhador" em forma ideal, como existe na mente do comunista burguês, mas quando vejo um trabalhador verdadeiro, de carne e osso, em conflito com aquele que é seu inimigo natural, o policial, não preciso indagar a mim mesmo que lado deva tomar.

Passou-se bastante tempo e nada parecia acontecer em nossa extremidade da cidade. Não me ocorreu o pensamento de que poderia telefonar para o hotel e verificar se minha mulher estava bem, pois achei que o Centro Telefônico parara de funcionar, embora isso só tenha ocorrido por duas horas. Parecia haver umas trezentas pessoas nos dois edifícios e, em sua maioria, era gente da classe mais pobre, vinda das ruas ao longo do cais. Em seu meio encontravam-se muitas mulheres, algumas carregando criancinhas no colo, e uma série de meninotes maltrapilhos. Acredito que muitos não fizessem ideia do que se passava, e simplesmente procuravam refúgio nos edifícios do P.O.U.M., em busca de proteção. Via também uma série de milicianos em licença, e um punhado de estrangeiros. Até onde podia calcular, não tínhamos mais de sessenta fuzis para aquela gente. O escritório no andar superior estava incessantemente sitiado por uma multidão a exigir armas e a ouvir que não se dispunha delas. Os milicianos mais jovens, que pareciam encarar a coisa como um piquenique, rodeavam por ali tentando obter fuzis de quem os tinha, quer pedindo ou roubando. Não tardou que um deles ficasse com o meu, mediante manobra esperta, e imediatamente desapareceu. E lá estava eu novamente desarmado, a não ser com minha minúscula pistola, para a qual só possuía um pente de balas.

Escurecia, eu tinha fome, e parecia não haver comida no Hotel Falcón. Meu amigo e eu fomos até ao hotel dele, que não era longe, a fim de comermos alguma coisa. As ruas estavam inteiramente silenciosas e às escuras, sem se encontrar vivalma e as portas de aço descidas em todas as casas comerciais, mas ainda não se tinham construído barricadas. Houve muita relutância até que nos deixassem entrar no outro hotel, que estava trancado a sete chaves. Quando voltamos, fomos informados de que o Centro Telefônico funcionava, e dirigi-me ao telefone no escritório de cima para chamar minha mulher.

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Capa do livro Homenagem à Catalunha
Páginas: 193
Página atual: 83

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 12
Capítulo 3 19
Capítulo 4 32
Capítulo 5 39
Capítulo 6 51
Capítulo 7 64
Capítulo 8 70
Capítulo 9 81
Capítulo 10 105
Capítulo 11 130
Capítulo 12 142
Capítulo 13 157
Capítulo 14 173