Havia readquirido toda a sua presença de espírito, e pensou que a visita do seu antigo médico era bem natural; podia tê-lo deixado no salão para ir deitar a filha, ia dizer-lhe que se dirigisse para lá sem fazer ruído; mas quando abriu a porta soltou um grito lancinante. Os dedos de lorde Grenville tinham ficado entalados e esmagados na ranhura da porta.
- Que tem? perguntou o marido.
- Nada, nada - respondeu Júlia. - Piquei o dedo com um alfinete.
A porta de comunicação reabriu-se de repente. A marquesa julgou que o marido vinha com interesse nela e amaldiçoou aquela solicitude em que o coração não tomava parte. Mal teve tempo de fechar a porta do quarto de vestir, e lorde Grenville ainda não havia conseguido retirar a mão. O general reapareceu de fato; mas a marquesa enganava-se, era o seu próprio interesse que o levava ali.
- Você pode me emprestar um lenço de seda? O patife do Carlos não deixou nenhum na gaveta. Nos primeiros dias do nosso casamento, você se ocupava das minhas coisas com um cuidado tão minucioso que chegava a aborrecer-me. Ah! A lua-de-mel não durou muito para mim nem para as minhas gravatas. Agora estou entregue ao braço secular dos criados que zombam de mim.
- Aqui está um lenço. Não entrou no salão?
- Não.
- Talvez ainda tivesse encontrado lá lorde Grenville.
- Está em Paris?
- Aparentemente.
- Oh! Vou já... ver esse excelente médico...
- Talvez já se tenha retirado - disse Júlia.
O marquês achava-se nesse momento no meio do quarto da mulher e cobria a cabeça com o lenço, olhando satisfeito para o espelho.
--Não sei onde estão os criados - disse ele. - Já toquei três vezes para chamar o Carlos, e não apareceu. E a sua criada, onde está? Chame-a; quero outro cobertor na cama.
- Paulina saiu - respondeu secamente a marquesa
- À meia-noite! - tornou o general.