Peça desculpa,
Arrancam-lhe os olhos,
Arrancam-lhe os olhos,
Peça desculpa.
O amplo pátio de recreio fervilhava de rapazes. Todos eles gritavam e os prefeitos incitavam-nos com grandes brados. O ar da tarde era pálido e frio e, depois de cada carga e de cada embate dos jogadores, a bola de couro ensebado voava como uma pesada ave através da claridade acinzentada.
Ele conservava-se no extremo da sua linha, fora da vista do seu prefeito, fora do alcance daqueles rudes pés, fingindo correr de vez em quando. Sentia que o seu corpo era pequeno e frágil no meio do grupo de jogadores e os seus olhos lacrimejavam e via mal. O Rody Kickham não era assim: ia ser o capitão da terceira linha, diziam todos.
O Rody Kickham era bom rapaz, mas o Roche Repugnante era um nojo. O Rody Kickham tinha torresmos no seu armário e um cesto com provisões no refeitório. O Roche Repugnante tinha umas mãos enormes. Chamava ao pudim de sexta-feira «cão embrulhado num cobertor». Certo dia, tinha-lhe perguntado:
- Como é que tu te chamas?
O Stephen respondera:
- Stephen Dedalus.
O Roche Repugnante tinha dito:
- Que raio de nome é esse?
Como o Stephen não soubesse que responder-lhe, o Roche
Repugnante tinha perguntado:
- O que é que faz o teu pai?
O Stephen retorquira:
- É um gentleman.
O Roche Repugnante perguntara logo:
- É um magistrado?
Continuava a deslizar de uma ponta à outra, no limite da sua linha, fazendo pequenas corridas de vez em quando. Mas tinha as mãos azuladas de frio. Meteu-as nos bolsos laterais do fato cinzento cintado. A cintura ia de um bolso ao outro. Também se podia aplicar uma cintura a um tipo. Certo dia, um colega tinha dito ao Cantwell:
- Aplico-te uma cintura não tarda nada.