O estudante atarracado não o comeu mas, recorrendo ao seu humor especial, disse gravemente, continuando a rir abafadamente e pontuando a frase com o chapéu de chuva:
- Pretende que...?
Interrompeu-se, apontando declaradamente para a polpa meio mastigada do figo, e bradou:
- Refiro-me a isto.
- Hum - fez Cranly, como anteriormente.
- Pretende isso agora - disse o estudante atarracado - ipso
Farto ou, digamos, por assim dizer?
Dixon afastou-se do seu grupo, dizendo:
- Goggins está à tua espera, Glynn. Foi até ao Adelphi, procurar-te a ti e ao Moynihan. O que é que trazes aí? - perguntou, batendo na pasta que Glynn trazia debaixo do braço.
- Pontos de exame - respondeu Glynn. - Faço-lhes exames mensais para ver se estão a tirar proveito das minhas explicações.
- Explicações! - disse Cranly grosseiramente. - Suponho que te referes ao ensino prestado a crianças descalças por macacos como tu. Deus as proteja!
Meteu o resto do figo na boca e atirou fora o pé.
- Eu deixo vir a mim as criancinhas - disse Glynn, afavelmente.
- Não passas de um macaco - repetiu Cranly enfaticamente - e ainda por cima um raio dum macaco blasfemo!
Temple pôs-se de pé e, adiantando-se a Cranly, dirigiu-se a Glynn:
- Essa frase que disse agora - disse ele - pertence ao Novo Testamento, isso de deixar vir a mim as criancinhas.
- Vai dormir outra vez, Temple - disse O'Keeffe.
- Muito bem, então - prosseguiu Temple, dirigindo-se a Glynn -, e se Deus deixou que as criancinhas fossem até Ele, porque é que a Igreja as manda para o Inferno se morrerem sem ser baptizadas? Porque será?
- Tu foste baptizado, Temple? - perguntou o estudante tísico.
- Mas porque é que as mandam para o Inferno, se Jesus disse que podiam todas ir até Ele? - disse Temple, procurando com os seus os olhos de Glynn.