Retrato do Artista Quando Jovem - Cap. 1: I Pág. 43 / 273

Pensavam que ele iria mencionar o dia em que tinha vencido uma grande batalha ou o dia em que se tinha coroado imperador. Mas ele disse: «Meus senhores, o dia mais feliz da minha vida foi o dia em que fiz a minha primeira comunhão».

O padre Arnall entrou e a aula de Latim principiou, e ele permaneceu quieto, inclinado sobre a carteira, com os braços cruzados. O padre Arnall entregou os cadernos dos exercícios e disse que estavam vergonhosos e que teriam que ser copiados imediatamente com as correcções. Mas o pior de todos era o de Fleming, porque as páginas estavam coladas devido a um borrão; e o padre Arnall segurou o caderno por uma ponta e declarou que era um insulto para qualquer professor receber um exercício daqueles. Depois, pediu a Jack Lawton que declinasse a palavra mare e Jack Lawton parou no ablativo singular e não conseguiu passar ao plural.

- Devia ter vergonha - disse severamente o padre Arnall. O senhor, o primeiro da turma!

Depois, interrogou o aluno seguinte e o outro e o outro. Ninguém sabia. O padre Arnall falava mais baixo, cada vez mais baixo, à medida que cada rapaz tentava responder e não conseguia. Mas o seu rosto escurecera e os seus olhos flamejavam, apesar de a sua voz soar calma. Depois perguntou a Fleming e Fleming disse que a palavra não tinha plural. O padre Arnall fechou subitamente o livro e berrou:

- Ajoelhe-se já no meio da aula. É um dos rapazes mais preguiçosos que conheço. Os restantes copiem os exercícios.

Fleming levantou-se pesadamente do seu lugar e foi ajoelhar-se entre as duas últimas carteiras. Os outros rapazes inclinaram-se sobre os cadernos e começaram a escrever. O silêncio caiu sobre a sala de aula e Srephen, olhando timidamente para o rosto moreno do padre Arnall, notou que ele estava um pouco avermelhado por causa da ira que sentia.





Os capítulos deste livro