Orgulho e Preconceito - Cap. 10: Capítulo X Pág. 52 / 414

Darcy deve falar por si mesmo.

- A senhora está querendo que eu justifique uma opinião que resolveu me atribuir, e a qual não subscrevo. Aceitando, porém, o caso tal como a senhora o coloca, é preciso não se esquecer, Miss Bennet, de que o suposto amigo que desejou que Bingley ficasse em casa e adiasse os seus planos contentou-se em exprimir o seu desejo sem oferecer nenhum argumento que justificasse o pedido.

- Ceder facilmente, prontamente, à persuasão de um amigo não é, então, um mérito aos seus olhos?

- Ceder sem convicção não depõe a favor do bom senso de nenhuma dessas pessoas.

- Mr. Darcy, o senhor não me parece conceder nenhuma importância à influência da amizade e da afeição. A consideração por um

amigo faz com que a gente ceda prontamente a um pedido, mesmo que esse amigo não ofereça argumentos em apoio do que pede. Não estou considerando particularmente o caso em discussão. Devemos esperar, talvez, até que ele ocorra, para discutir o acerto do seu procedimento. Mas em geral, nos casos comuns entre amigos, quando um deles é solicitado pelo outro a alterar uma decisão de pouca monta, pensa o senhor que a pessoa que cedeu, sem exigir outros argumentos, procedeu realmente mal?

- Não será preferível, antes de continuar no assunto, que determinemos com mais precisão o grau de importância real do pedido? Bem como o grau de intimidade existente entre as partes?

- Sem dúvida - exclamou Bingley; - vamos particularizar, e não esqueçamos a estatura comparativa dos amigos, pois isto tem mais importância do que Miss Bennet supõe. Asseguro-lhe que, se Darcy não fosse tão alto em relação à minha pessoa, eu não o trataria com tanta deferência. Declaro que não conheço nada mais temível do que Darcy em certas ocasiões e em determinados lugares; especialmente na sua própria casa e numa noite de domingo, quando ele não tem nada a fazer.





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