E se não houvesse outro motivo, bastava este. Ele devia ser orgulhoso demais para ser desonesto.
- Espantoso - replicou Wickham -, pois quase todos os seus atos podem ser relacionados com o orgulho. E o orgulho tem sido o seu melhor amigo. O orgulho o conduziu até mais próximo da virtude do que qualquer outro sentimento. Mas nenhum de nós é coerente, e na sua conduta para comigo agiram ainda impulsos mais fortes do que o orgulho.
- Mas pode um orgulho tão abominável lhe ter dado alguma vantagem?
- Sim. Levou-o frequentemente a ser liberal e generoso, a despender grandes quantias, a ser hospitaleiro, a ajudar os seus colonos e a mitigar os sofrimentos dos pobres. O orgulho da família e o orgulho filial, pois ele tem grande orgulho do pai, o conduziam a isto. Não desmerecer a família, não parecer ter degenerado quanto a certas qualidades que a tornaram famosa, não deitar a perder a influência da casa de Pemberley são motivos poderosos. Ele possui também orgulho fraternal, o qual, somado a uma certa afeição, o faz zelar com carinho e cuidado pela irmã; a senhora deve ter ouvido dizer que ele é o melhor e o mais atencioso dos irmãos.
- Que espécie de moça é Miss Darcy? Ele sacudiu a cabeça.
- Eu desejava responder que ela é amável. Causa-me mágoa falar mal de um Darcy. Mas é extremamente parecida com o irmão, muito, muito orgulhosa. Em criança era extremamente afetiva e agradável, e gostava muito de mim. A fim de distraí-la, perdi muitas horas da minha vida. Mas agora ela já não representa nada para mim. É uma bonita menina de quinze ou dezasseis anos e dizem que muito prendada. Desde a morte do pai vive em Londres, em companhia de uma senhora que orienta a sua educação.
Depois de muitas pausas, em que tentou falar outros assuntos, Elizabeth não pôde deixar de voltar ao primeiro, e disse:
- Espanta-me a intimidade dele com Mr.