Capítulo 4: Capítulo II
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Depois de espreitar, fazer esgares e guinchar durante uns momentos, descobriu-me e, esticando uma das patas através da porta, tal como um gato quando brinca com um rato, apesar de me ter esquivado várias vezes e mudado de lugar, conseguiu finalmente agarrar-me pelas abas da casaca que, fabricada com tecido daquele país, era grossa e forte, e assim arrastou-me da caixa. Segurou-me com a pata dianteira direita, tal como uma ama-de-leite que vai dar de mamar ao bebé e tal como eu vira fazer na Europa uma macaca à cria recém-nascida. E como quanto mais resistência lhe opunha, mais força fazia, julguei ser mais prudente submeter-me. Tenho razões para acreditar que me confundiu com um bebé da sua espécie, uma vez que me acariciou o rosto muitas vezes com a outra pata, com muita ternura. Enquanto estava assim entretida, foi interrompida por um som proveniente da porta do quarto, como se alguém estivesse a querer abri-la. A seguir, saltou de repente para a janela por onde entrara e dali trepou pelas tubagens e algerozes com três patas, enquanto me agarrava com a quarta, até alcançar um telhado próximo do nosso. Ouvi Glumdalclitch lançar um grito ao ver-me desaparecer com o macaco. A pobre criança parecia estar à beira da loucura. Houve uma perturbação geral naquele sector do palácio. Os criados foram rapidamente buscar escadas; centenas de cortesãos viram o macaco sentado no beiral de um edifício, embalando-me como se fosse um bebé com uma das patas dianteiras e alimentando-me com a outra, atulhando-me a boca com comida que tirava de uma das bochechas da queixada e batendo-me quando a recusava. Perante isto, a multidão que observava não pôde conter o riso. Não creio que sejam dignos de censura: na verdade, a situação era bastante cómica para todos menos para mim.
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