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Capítulo 4: Capítulo II

Página 160
Ainda que estas infiltrações carecessem de importância, procurei tapá-las o melhor possível. Não consegui levantar o tecto da caixa; se isso tivesse acontecido, uma vez aberto, ter-me-ia sentado sobre ele, o que me teria permitido continuar vivo mais umas horas do que permanecendo encerrado neste «caixão». E se inventariasse os hipotéticos perigos que poderiam ocorrer em dois dias, outra coisa não podia esperar senão uma morte inglória de fome e de frio. Durante umas quatro horas vivi neste desespero à espera, e mesmo desejando, que cada segundo fosse o último.

Já indiquei ao leitor que no lado da caixa que não tinha janela havia duas anilhas fixas pelas quais o criado que me levava a cavalo fazia passar a correia de couro que prendia à cintura. Encontrando-me em tão desesperada situação ouvi, ou julguei ouvir, umas arranhadelas na parede onde estavam as argolas. Em breve tive a sensação de que a caixa era arrastada ou rebocada; de vez em quando sentia-se um esticão e as ondas quase cobriam as janelas, deixando-me completamente às escuras.

Isto proporcionou-me uns ténues indícios de esperanças de libertação, ainda que não pudesse imaginar como ela poderia ocorrer. Atrevi-me a desaparafusar uma das cadeiras sempre presas ao chão e, depois de conseguir' com grande esforço voltar a aparafusá-la mesmo por baixo do postigo do tecto, que já abrira, subi para a cadeira e, aproximando ao máximo a boca do respiradouro, pedi socorro aos gritos e nos diversos idiomas que conhecia. Em seguida, atei um lenço a um bastão que costumava usar e, fazendo-o passar pelo orifício, agitei-o várias vezes pelo ar a fim de, se alguma embarcação ou navio estivesse próximo, os marinheiros poderem perceber que dentro daquela caixa se encontrava encerrado um infeliz mortal.

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Capa do livro As Viagens de Gulliver
Páginas: 339
Página atual: 160

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Carta do Comandante Gulliver a seu primo Sympson 1
Prefácio do primeiro editor Richard Sympson 3
Capítulo I 8
Capítulo II 85
Capítulo III 170
Capítulo IV 249