Efectuara uma observação e comprovara, uma hora antes de avistar os piratas, que nos achávamos na latitude de 460 norte e na longitude de 1830 leste. Quando me encontrei a alguma distância dos piratas descobri, graças ao meu óculo de bolso, algumas ilhas a sueste. Ergui a vela, uma vez que o vento estava de feição, com o propósito de alcançar a mais próxima, objectivo que atingi ao cabo de cerca de três horas. A ilha não passava de um recife; recolhi, porém, muitos ovos de ave, acendi uma fogueira com mato e algas secas e cozi-os. Não jantei mais nada, decidido que estava a poupar ao máximo as provisões. Para pernoitar, encontrei refúgio sob uma rocha, onde fiz um colchão de ervas e dormi bastante bem.
No dia seguinte naveguei para outra ilha, e depois para a terceira e para a quarta, umas vezes a remos, outras à vela. Mas, para não cansar o leitor com o relato pormenorizado das minhas dificuldades, bastará dizer que ao quinto dia atingi a última ilha que avistara, a sul-sueste da anterior.
Esta ilha achava-se mais longe do que pensara e precisei de cerca de cinco horas para a atingir. Tive de navegar a quase toda a volta antes de encontrar uma pequena calheta, que não era maior do que três vezes o comprimento da embarcação. A ilha era de rocha viva com pequenos pedaços de terreno com plantas suavemente aromáticas. Comi um pouco das minhas escassas provisões e guardei o resto numa das abundantes cavernas do local. Retirei muitos ovos que se encontravam entre as rochas e amontoe algas e ervas secas para no dia seguinte fazer uma fogueira para cozinhar os ovos, uma vez que tinha isca, pederneira, estopa e uma lupa.