Sua Majestade estipulou que todos os que me tinham visto deviam regressar a suas casas e que ninguém poderia ver-me a cinquenta jardas de minha casa sem prévia licença real; os secretários de Estado engrandeceram-se com estas proclamações.
Enquanto isto, o imperador mantinha reuniões frequentes para decidir o meu futuro. Pouco depois, um amigo importante e bem colocado garantiu-me que havia grande preocupação na corte por minha causa. Receavam pôr-me em liberdade mas temiam, também, que os custos da minha manutenção provocassem fome generalizada. Aludiam, por vezes, à possibilidade de se desembaraçarem de mim, matando-me à fome e lançando-me flechas envenenadas para a cara e para as mãos, para que tivesse uma morte rápida. Mas consideravam também que um cadáver de tal tamanho provocaria um tal fedor que a peste poderia propagar-se por toda a cidade e, talvez, por todo o reino. Enquanto analisavam o problema, oficiais do exército aproximaram-se da entrada do grande salão do Conselho e dois deles entraram para informar a" forma correcta como me comportara quanto aos seis facínoras já referidos.
Tanto Sua Majestade como o Conselho ficaram tão favoravelmente impressionados que se criou um imposto imperial para que todas as povoações, num perímetro de novecentas jardas em redor da cidade, entregassem todas as manhãs seis bois, quarenta ovelhas e outros víveres para a minha subsistência. A acrescer a isto, também a quantidade proporcional de pão, vinho e outras bebidas. O imperador pagava tudo isto com dotações do tesouro. Este príncipe vive completamente das terras e, em momentos especiais, lança novos impostos sobre os súbditos que, em caso de guerra, têm a obrigação de o ajudar e de pagar a sua própria manutenção. Foram também nomeadas seiscentas pessoas para atender-me.
