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Capítulo 6: Capítulo IV

Página 285
Devo dizer, porém, que me vi e desejei para me fazer compreender.

Disse-lhe que não importávamos o vinho do estrangeiro por falta de águá ou de outras bebidas, mas porque era um líquido especial que nos alegrava, fazendo-nos perder a razão; dissipava todos os pensamentos melancólicos, criando nas nossas mentes imagens desordenadas; alimentava as nossas esperanças e dissipava os temores; privava-nos completamente, ainda que de forma transitória, do uso do raciocínio e dos nossos membros até cairmos num profundo sonho. Deve reconhecer-se, contudo, que ao acordarmos nos sentíamos doentes e abatidos e que o hábito desta bebida provocava enfermidades que abreviavam e traziam sofrimento à vida.

Mas, para além de tudo isto, a grande maioria das pessoas trabalha na preparação dos produtos básicos, para consumo geral, e na dos de luxo para os ricos. Para maior clareza da exposição: quando estou no meu país e vestido de modo digno, levo sobre o meu corpo o trabalho de uma centena de artesãos; outros tantos são requeridos para o mobiliário da minha casa; para que a minha mulher se arranje, esse número é multiplicado por cinco.

Tinha o propósito de falar-lhe de outra categoria de pessoas: os que ganham a vida tratando dos enfermos, pois já tivera ocasião de indicar a Sua Excelência que vários dos meus tripulantes tinham morrido de doença. Neste ponto, contudo, encontrei-me em dificuldades quase insuperáveis para fazer-me compreender.

Admitia com facilidade que um houyhnhnm se sentisse fraco e extenuado alguns dias antes de morrer ou se lesionasse um membro num acidente. Ma era-lhe inconcebível que a natureza, que faz tudo perfeito, permitisse a existência de males no nosso corpo; era algo que não entendia e desejava conhecer o motivo.

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Capa do livro As Viagens de Gulliver
Páginas: 339
Página atual: 285

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Carta do Comandante Gulliver a seu primo Sympson 1
Prefácio do primeiro editor Richard Sympson 3
Capítulo I 8
Capítulo II 85
Capítulo III 170
Capítulo IV 249