Capítulo 6: Capítulo IV
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Comecei a enumerar todos os que me passaram pela cabeça, as diversas formas de condimentá-los, sublinhando que tudo isso exigia o envio de barcos a todas as partes do mundo, onde se adquiriam licores para beber, molhos para condimentar e outros inúmeros produtos necessários. Assegurei-lhe que era preciso dar três vezes a volta ao mundo para que uma mulher yahoo da alta sociedade tivesse o necessário para o seu pequeno-almoço e uma baixela para o servir. Ripostou que tal país devia ser muito pobre já que era incapaz de produzir alimento para os seus habitantes. Mas o que lhe provocava maior estranheza era que essas vastas extensões de terra que lhe descrevera estivessem totalmente desprovidas de água potável e que as pessoas se vissem obrigadas a enviar barcos para buscar de que beber. Repliquei-lhe que se calculara que a Inglaterra (meu amado país) produzia o triplo da quantidade de alimento que os seus habitantes são capazes de consumir, tal como tinha bebidas extraídas de cereais ou de frutos de algumas árvores, de excelentes sabores; a mesma abundância se encontrava em todos os bens necessários para viver. Mas para satisfazer os prazeres e a intemperança dos homens e a vaidade das mulheres, enviávamos a maior parte da nossa produção útil para outros países. Em troca, importávamos muitas coisas que provocavam doenças, loucuras e vícios e destinadas a consumo interno. Daqui resulta que muitos dos nossos compatriotas, por necessidade, têm de ganhar a vida mendigando, roubando, furtando, defraudando, chulando, perjurando, adulando, subornando, intimidando, votando, falsificando, apostando, mentindo, prometendo, fazendo de astrólogo, envenenando, prostituindo-se, fingindo-se devoto, difamando, fazendo de livre-pensador e outras ocupações do gênero.
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