As Viagens de Gulliver - Cap. 6: Capítulo IV Pág. 299 / 339

E quando um dos machos se aproximava ela retirava-se lentamente, lançando frequentes miradas para trás e, aparentando medo, refugiava-se num lugar propício, onde sabia que o macho daria com ela.

Outras vezes, se uma fêmea estranha se aproximava delas, era rodeada por três ou quatro fêmeas que a olhavam, falavam com ela, faziam-lhe esgares e cheiravam-na de cima a baixo; em seguida afastavam-se, fazendo gestos que pareciam exprimir desdém e desprezo.

Talvez o meu amo pudesse aperfeiçoar um pouco estas análises, deduzidas das suas observações pessoais ou do que outros lhe tinham contado. Não podia, porém, deixar de pensar com certo assombro e muita pena que os fundamentos da luxúria, da coqueteria, da inveja e do escândalo se apresentam nas mulheres de forma instintiva.

Esperava, em qualquer altura, que o meu amo acusasse os yahoos de ambos os sexos de aberrações contra a natureza, tão comuns entre nós. Mas, aparentemente, a natureza não fora tão perfeita: estes prazeres mais refinados são resultado exclusivo do engenho e arte do nosso lado do globo.





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