As Viagens de Gulliver - Cap. 3: Capítulo I Pág. 47 / 339

CAPÍTULO V

O autor impede uma invasão com um estratagema pouco usual É-lhe concedido um elevado título honorífico. Chegam embaixadores do imperador de Blefuscu para pedir a paz. Incêndio acidental nos aposentos da imperatriz. Acorre o autor para salvar o resto do palácio.

o império de Blefuscu é uma ilha situada a nordeste de Lilliput, separada unicamente por um canal de oitocentas jardas de largo. Ainda não a tinha visto e, ao inteirar-me do projecto de invasão, evitei errar por essa zona costeira pois temia ser descoberto por algum barco inimigo, porque eles desconheciam a minha existência. Era rigorosamente interdita, sob pena de morte, toda a comunicação entre os dois impérios enquanto durasse a guerra; e todos os barcos, sem excepção, tinham sido embargados pelo nosso imperador. Comuniquei a Sua Majestade a minha intenção de apresar toda a frota inimiga, a qual, segundo asseguravam os nossos espias, estava ancorada no porto, pronta para zarpar logo que houvesse tempo de feição. Consultei marinheiros mais experientes para saber qual era a profundidade do canal onde eles tinham, muitas vezes, lançado sondas; informaram-me que a parte central, com a maré alta, era de setenta glumgluffi, o que na Europa equivaleria a seis pés; quanto ao resto, a profundidade não ultrapassava os cinquenta glumgluffi. Dirigi-me para a costa nordeste, frente a Blefuscu, onde, deitado atrás de um montículo, tirei o óculo de bolso e observei a frota inimiga ancorada, composta por uns cinquenta barcos de guerra e um grande número de barcos de carga. Regressei então a casa e, com uma autorização especial, encomendei uma grande quantidade de corda muito sólida e barras de ferro.





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