O imperador não aparentou descontentamento e verifiquei mesmo, por um acaso, que ele e a maioria dos ministros se sentiam muito satisfeitos com a minha decisão.
Esta situação impeliu-me a apressar a minha partida antes da data que pensara, ao que a corte, impaciente por ver-me sair, me ajudou diligentemente. Foram utilizados quinhentos homens no fabrico de duas velas para o meu bote, obedecendo às minhas indicações, reforçando com treze dobras o mais forte dos tecidos deles. Custou-me grandes esforços fazer cordas e cabos, entrançando dez, vinte ou trinta dos mais fortes que tinham. Uma pedra muito pesada, que encontrei depois de uma ampla busca ao longo da costa, serviu de âncora. Precisei do sebo de trezentas vacas para untar o barco e para outras aplicações. Tive de fazer esforços inacreditáveis para cortar algumas das maiores árvores para fabricar remos e mastros. Em tudo isso fui ajudado pelos carpinteiros de Sua Majestade, que me prestaram uma ajuda para afagá-los, uma vez que eu fizera o trabalho de desbaste maior.
Passado um mês, quando estava tudo preparado, enviei uma mensagem ao imperador, dizendo que estava às suas ordens e aguardava autorização para partir. O imperador e a família saíram do palácio; alonguei-me no solo para lhe beijar as mãos, que graciosamente oferecia, e o mesmo fiz à imperatriz e aos jovens de sangue real. Sua Majestade obsequiou-me com cinquenta bolsas de duzentos sprungs em cada, juntamente com uma tela que o retratava de corpo inteiro, que coloquei de imediato dentro de uma das minhas luvas, para que não se estragasse. As cerimónias que se celebraram por motivo da minha partida foram tantas que evito descrevê-las para não cansar agora o leitor.
