Aquela coisa... - eu estava a vê-la! Atreva, cuja grande parte se transformara agora em água, tornara-se menos densa. Ali estava! Mas não dei com a ideia de Burns a sair gatinhando da escada da escotilha até que o vi tentando pôr-se de pé e, mesmo nessa altura, a imagem de um urso foi a primeira que me veio à cabeça.
Grunhia como se o fosse deveras, quando lhe estreitei o corpo. Trazia fechado um grande capote de Inverno tecido de uma espécie de lã qualquer, incomportável pela sua extrema magreza, dentro do qual se enfiara. Eu mal conseguia sentir a armação inacreditavelmente pouco espessa do seu corpo a nadar no interior do pano grosseiro, mas os seus resmungos tinham profundidade e miolo: «Maldito barco, calado como um túmulo, tripulado por gente cobarde que só anda nas pontas dos pés! Porque inferno não firmam pé a alar os braços de verga? Não há para aí no meio de tanta gente nenhum palerma maldito capaz de gritar agarrado a um cabo?».
«Para nada serve o medo, comandante», disse para mim, num ataque que me visava directamente. «O senhor não pode evitar passar por cima daquele bandido assassino. Não é dessa maneira que as coisas se fazem. Tem que chegar ao pé dele com coragem... - tal como eu tive de fazer. De coragem, é que o senhor está a precisar. Prove-lhe que não liga bóia às astúcias de má sina dele. Apure-se bem para uma briga a valer!»
«Deus meu, Burns», disse-lhe eu, irritado a sério. «Porque inferno veio cá para cima, o senhor? Que ideia foi essa de aparecer no tombadilho no seu estado?»
«É só uma coisa! Coragem.