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Capítulo 8: VI

Página 140

Gritei-lhes: «É o imediato. Alguns de vocês segurem-no».

Eu esperava que esta maneira de agir acabasse numa espécie de combate horroroso. Mas não. Burns interrompeu bruscamente as suas gargalhadas agudas e, furioso, virou-se para os homens, exclamando:

«Ah! Ah! Vocês estão totalmente arrasados! Mas descobriram outra vez a língua... - não descobriram? Julguei que tinham emudecido. Bem, então... - riam! riam... já vos disse. Vamos lá... - todos ao mesmo tempo! um, dois, três... riam!»

Seguiram-se alguns instantes de silêncio, um silêncio tão profundo que se poderia ouvir no pavimento do tombadilho um alfinete que caísse. Depois, no seu timbre suave, a voz imperturbável de Ransome disse:

«Ele parece que perdeu os sentidos, senhor comandante...» O pequeno grupo imóvel dos tripulantes do navio foi percorrido por um murmúrio surdo de alívio. «Eu seguro-o por baixo dos braços. Um de vocês pegue-lhe nas pernas.»

Sim. Um alívio. Ele ia ficar calado durante algum tempo... algum tempo. Eu não podia suportar outra gritaria daquelas, aqueles guinchos de louco. Disso, tinha a certeza; e precisamente então, Gambril- Gambril, o austero - proporcionou-nos outro espectáculo lírico. Começou a salmodiar para que o substituíssem. A voz dele rangia, num queixume, a meio do escuro: «Venha alguém aqui para ré! Não aguento mais isto! Cá está ele outra vez fora do rumo e eu não consigo».

Lancei-me para a popa como uma flecha, caminhando de encontro a uma rajada de vento, que o ouvido de Gambril sentira aproximar-se ao longe e que encheu todo o pano numa sucessão de ruídos abafados, misturados aos lamentos de tom mais baixo da mastreação. Cheguei mesmo a tempo de apanhar a roda do leme, enquanto o França, que me seguira, amparou nos braços Gambril precisamente quando este ia a cair no chão.

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pág. 140 (Capítulo 8)

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Capa do livro A Linha de Sombra
Páginas: 155
Página atual: 140

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Nota do autor 1
I 6
II 42
II 43
III 64
IV 90
V 106
VI 129