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Capítulo 4: II

Página 46
Esquecera-me da sua existência.

Os dez minutos seguintes poderiam ter sido dez segundos ou dez séculos do ponto de vista do que a minha consciência seria capaz de ter feito entretanto. Poderiam ter caído pessoas mortas em meu redor, ter desabado prédios, peças de artilharia aberto fogo, que eu não teria sequer dado por isso. Estava a pensar: «Por Júpiter! Consegui!». Era o comando de um navio. Viera ter comigo de modo imprevisível, até ao meu mais humilde tecer de fantasias.

Dei-me conta de que a minha imaginação tinha andado a seguir canais convencionais e que todas as minhas expectativas nunca tinham passado de coisas demasiado vulgares. Vira sempre um lugar de comando como o estado futuro de um lento caminho de promoções ao serviço de qualquer firma de bom nome. Uma recompensa por bons serviços prestados. Sim, os bons serviços, de acordo. Naturalmente que uma pessoa os presta por amor próprio, por amor do navio, por amor da vida livremente escolhida, e não na mira de qualquer recompensa.

Há algo desagradável na noção de recompensa.

E ali estava eu agora, com o meu comando no bolso, de modo absolutamente positivo, sem margem para dúvidas, de maneira incontestável, mas também inesperada - para além da minha fantasia, fora de todas as expectativas razoáveis, e, para mais, apesar da existência de uma rede de intrigas que visava impedir-me o caminho. Sem dúvida, aquela conspiração não era muito poderosa, mas sempre contribuía para acentuar a impressão de maravilha... - como se a minha designação para um navio que não conhecia fosse obra de outro poder superior ao das agências do mundo dos negócios.

Começou então a arrastar-se por mim dentro um estranho sentimento de vencedor. Se me tivesse posto a trabalhar na mira daquele lugar de comando durante dez anos ou mais, nada daquilo me teria hoje acontecido.

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Capa do livro A Linha de Sombra
Páginas: 155
Página atual: 46

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Nota do autor 1
I 6
II 42
II 43
III 64
IV 90
V 106
VI 129