— Bem percebo, Sancho — respondeu D. Quixote — as visitas à quartola pedem mais paga de cama que de músicas.
— A todos sabe ela bem, louvado seja Deus! — respondeu Sancho.
— Não digo menos — replicou D. Quixote — mas acomoda-te lá tu onde quiseres, que os da minha profissão melhor parecem velando, que dormindo. Mas, apesar de tudo, bom seria, Sancho, que me tornasses a curar esta orelha, que me está doendo mais do que era preciso.
Fez Sancho o que se lhe mandava. Um dos cabpéiros, vendo a ferida, lhe disse que não tivesse cuidado, que ele lhe poria um remédio, com que breve sararia; e, tomando algumas pontas de rosmaninho, que por ali era mui basto, as mastigou, misturou-as com um pouco de sal, e aplicando-as à orelha, a ligou muito bem, certificando-lhe que não havia precisão de mais nenhum curativo; e o caso é que assim sucedeu.