A CAÇADA DE CÁ Nas malhas tem o Leopardo o seu prazer
E o Búfalo vê nos chifres grão poder.
Sê limpo! A robustez do caçador
Se tira da pele de límpida cor.
Se virdes que o Touro arremessa ao ar,
Ou o Sâmbar coas pontas vos pode furar, Escusais de vir com tais informações; Todos o sabemos, há dez estações.
Não mateis do forasteiro a criação,
Mas saudai-a sempre como irmã e irmão. Embora pequenos, de gorda lombada,
Pode ser que a Mãe seja a Ursa Parda!
Não há ninguém como eu! - Boca ufanada Do lobito na sua primeira dentada.
É pequeno o lobito e a Selva é vasta!
- Pondera primeiro e o orgulho afasta!
Máximas de Bálu
Tudo quanto aqui se conta sucedeu algum tempo antes de Máugli ser expulso da Alcateia de Seiôuni ou de se ter vingado do tigre Xer Cane. Foi no tempo em que Bálu lhe andava a ensinar ti Lei da Selva. O velho urso pardo, corpulento e grave, estava encantado com a esperteza do seu aluno, porque os jovens lobos só aprendem da Lei da Selva quanto se aplique à sua própria alcateia e tribo e fogem do mestre logo que sabem recitar o verso de caça: «Pés que não fazem ruído, olhos que vêem nas trevas; ouvidos que ouvem os ventos em seus covis, e dentes brancos afiados, tudo isto são os sinais dos nossos irmãos, excepto o chacal Tábàqui e a hiena, a quem odiamos.» Mas Máugli, sendo cachorro de homem, tinha de aprender muito mais. As vezes Bàguirà, a pantera negra, atravessava pachorrentamente a Selva para ver como o seu predilecto ia e punha-se a ronronar com a cabeça encostada a uma árvore, enquanto Máugli repetia a lição do dia a Bálu. O rapaz sabia trepar quase tão bem como sabia nadar, e nadar quase tão bem como correr; por isso Bálu, o mestre da Lei, ensinou-lhe as leis dos bosques e das águas: a distinguir um ramo podre de um são; a falar cortesmente às abelhas silvestres quando encontraste uma colmeia destas a cinquenta pés do solo; o que havia de dizer ao morcego Mangue, quando o importunasse nos ramos ao meio-dia, e a advertir as cobras-d'água, nos lagos, antes de mergulhar no meio delas.