TIGRE! TIGRE! Que tal a caçada, caçador audaz? Irmão, a espera foi longa e falaz.
Que dizes da caça que foste matar?
Irmão, na Selva se encontra a pastar.
Onde o poder do teu orgulho exaltado?
Irmão, esgotando se vai do flanco e lado.
Onde vais depressa, assim a correr?
Irmão, vou para o covil - para morrer
Voltemos agora à primeira história. Depois de sair do covil do lobo após a luta com a alcateia na Rocha do Conselho, Máugli desceu para as terras lavradas onde moravam os aldeões, mas não quis fixar-se ali, porque ficava muito perto da Selva e sabia que criara pelo menos um inimigo perigoso no Conselho. Por isso continuou a afastar-se apressadamente, seguindo pelo áspero trilho que descia o vale a meio trote regular, cerca de vinte milhas, até chegar a uma região que desconhecia. O vale abria-se em vasta planície salpicada de rochedos e cortada de ravinas. Numa das extremidades erguia-se uma aldeola e na outra a espessa Selva descia, em curva, até às terras de pastagem, e parava aí, como se tivesse sido cortada com uma enxada. Por toda a planície pastavam bois e búfalos, e quando os rapazinhos encarregados das manadas viram Máugli puseram-se a berrar e fugiram, enquanto os lazarentos cães amarelos, que rondam todas as aldeias indianas, ladravam. Máugli avançou a passo, pois tinha fome, e quando chegou à porta da aldeia viu, desviado para um lado, o grande espinheiro que lhe punham diante ao cair da noite.
- Hum! - disse ele, pois já encontrara mais de uma dessas barricadas nos seus rodeios nocturnos em busca de sustento. - Então os homens também aqui têm medo dos habitantes da Selva? - Sentou-se na soleira e, quando um homem saiu, levantou-se, abriu a boca e apontou para ela, a indicar que precisava de comer.