Antes que o prisioneiro recuperasse o equilíbrio, Holmes fechou a porta e encostou-se a ela. O homem olhou estupefacto em redor, titubeou e caiu sem sentidos. No embate, o chapéu de aba larga fugiu-lhe da cabeça, a gravata descompôs-se e perante nós surgiu a barba loura comprida e as feições finas do coronel Valentine Walter.
Holmes soltou um assobio de surpresa.
- Desta vez pode chamar-me burro, Watson - disse. - Não era este o pássaro que esperava.
- Quem é ele? – perguntou Mycroft, ansioso.
- O irmão mais novo do falecido Sir James Walter, chefe do Departamento de Submarinos. Sim! Sim; compreendo tudo. Ele está a voltar a si. Acho melhor deixarem o interrogatório comigo.
Havíamos transportado para o sofá o corpo inanimado. O nosso prisioneiro sentou-se, olhou em redor com o pânico estampado no rosto e passou a mão pela testa, como quem não acredita no que vê.
- Que é isto?- perguntou. - Eu vim aqui para visitar Mr. Oberstein.
- Sabemos tudo, coronel Walter - disse Holmes. – Como é possível que um cavalheiro inglês faça o que o senhor fez, isso ultrapassa-me, mas sabemos tudo acerca da sua correspondência e das relações com Oberstein. E também as circunstâncias relacionadas com a morte do jovem Cadogan West. Não rejeite, ao menos, o pequeno crédito do arrependimento e da confissão: há ainda uns pormenores que só podemos conhecer da sua boca.
O homem resmungou e escondeu o rosto entre as mãos. Esperámos, mas ele manteve-se silencioso.
- Garanto-lhe - disse Holmes - que já conhecemos o essencial. Sabemos que tinha urgente necessidade de dinheiro; que mandou copiar as chaves na posse do seu irmão; que se correspondia com Oberstein, o qual lhe respondia na coluna de anúncios pessoais do Daily Telegraph.