A Última Aventura de Sherlock Holmes - Cap. 8: A AVENTURA DO PÉ DO DIABO Pág. 165 / 210

O vigário, sendo solteiro, saudou este contrato, embora pouco tivesse em comum com o seu hóspede, que era um homem magro, moreno, de óculos, com andar corcovado, dando a impressão de uma autêntica deformidade. Lembro-me de que durante a nossa curta visita achámos loquaz o vigário, mas o seu hóspede estranhamente acanhado, o rosto triste de uma personalidade introspectiva, de olhos atentos, a meditar, parecia, nos seus problemas.

Foram estes dois homens que entraram abruptamente na nossa pequena sala no dia 16 de Março, terça-feira, pouco depois do pequeno-almoço, quando fumávamos antes da nossa excursão diária aos pântanos.

- Mr. Holmes - disse o vigário em voz agitada -, aconteceu esta noite o caso mais trágico e extraordinário que se possa imaginar. Nunca se ouviu falar de coisa assim. Foi decerto a Providência que no-lo trouxe aqui, Mr. Holmes, pois em toda a Inglaterra o senhor é o homem de que precisamos.

Fitei o intruso com olhos pouco amigáveis, mas Holmes tirou o cachimbo da boca e endireitou-se na cadeira como um velho perdigueiro depois de ouvir o grito do caçador. Apontou o sofá e os nossos nervosos visitantes sentaram-se lado a lado. Mr. Mortimer Tregennis dominava-se melhor do que o clérigo, mas a tremura das suas mãos finas e o brilho dos seus olhos mostrava que partilhava a mesma emoção.

- Fala o senhor ou eu? - perguntou ao vigário.

- Bem, como parece que foi o senhor que fez a descoberta seja o que for, e que o vigário soube do que aconteceu por seu intermédio, talvez deva ser o senhor a falar - disse Holmes.

Olhei de relance o frenético clérigo, com o hóspede, formalmente vestido, a seu lado, e ri para dentro perante a surpresa que a simples dedução de Holmes lhes provocara.





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